top of page

Empresas amigas

da Cultura 

Quem somos
Procurar por Tags
Nenhum tag.

Cultura ponte-novense: uma questão de resistência

Ontem, 16 de maio, o blog Cultura Coletiva completou dois anos de existência. Surgiu em 2015 com o intuito de divulgar os eventos culturais e os artistas de Ponte Nova, valorizando nosso cenário cultural. Atualmente, contamos com mais de 7.500 visualizações.

É notável o talento e a diversidade dos agentes culturais ponte-novenses. Nossa cultura é extremamente rica, dinâmica, seja no campo das artes cênicas, da música, da dança, do artesanato ou da literatura. Apesar das dificuldades enfrentadas, nossos artistas desenvolvem seus trabalhos, em grande parte, de maneira independente. Assim, faz-se necessário destacar a importância das atividades exercidas pelo Grupo de Teatro Viver com Arte; pela Percepção Musical, pela Musique; Corporação Musical Santíssima Trindade; Corporação Musical União 7 de Setembro; Academia de Letras, Ciências e Artes de Ponte Nova; pelo Herdeiros do Banzo; pelo Afro Ganga Zumba; pela Felício & Belmiro; pelo Coral Vozes do Piranga; Associação dos Artesãos de Ponte Nova (ASAPON), pelo Frederico Contarini, Antônio Inácio; entre outros.

Neste sentido, é importante destacar as oficinas de teatro e dança ministradas pelo Grupo de Teatro Viver com Arte, através do projeto “Cultura em Movimento”, que visa a descentralização da cultura, percorrendo as periferias da cidade, ao mesmo tempo em que pretende ser um instrumento de inclusão social.

A Academia de Letras, Ciências e Artes de Ponte Nova (ALEPON) também realiza um belíssimo trabalho, que tem como objetivo a valorização da literatura ponte-novense e a divulgação desta em meio à sociedade. Citamos, assim, o Prêmio Professor Mário Clímaco e o projeto “Circulando a Poesia”.

Enfatizamos, do mesmo modo, o trabalho realizado pela Corporação Musical Santíssima Trindade e pela Corporação Musical União 7 de Setembro. Através dos projetos “Sons de Minas” e “Manhã Musical”, respectivamente, as duas bandas ponte-novenses levam ao público o melhor da música em apresentações na Praça de Palmeiras.

No último ano, também tivemos importantes ações voltadas para a valorização do patrimônio histórico da cidade. Em julho de 2016, o arquiteto e urbanista Luciano Caetano realizou a mostra “Fachadas que contam história”, que permaneceu no hall da sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Ponte Nova, e que contou com exposição de fotografias e distribuição de cartões postais e imãs. O Pontilhão de Ferro, datado de 1910 e tombado como patrimônio municipal, foi reformado com recursos do Fundo Municipal de Cultura, contando com a revitalização das estruturas da passarela e no corrimão, dos dormentes que constituem os trilhos e da iluminação pública.

Além disso, entre os dias 11 e 25 de março de 2017, o escritor ponte-novense Luciano Sheikk organizou a exposição “Memória e Patrimônio: um retrato histórico de Ponte Nova”, localizada no hall do Milla Center, e que contou com grandes livros, produzidos em PVC, contendo reproduções de artigos jornalísticos que contaram um pouco da história de nossa cidade, abordando diferentes temáticas.

Outra importante iniciativa do poder público para a valorização de nosso patrimônio foi a 3ª Festa da Goiabada, ocorrida em outubro de 2016. Na ocasião, houve lançamento do selo que registrou a “Goiabada Cascão da Região de Ponte Nova” como patrimônio cultural e imaterial, reconhecida como tal pelo Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA) desde 2014.



Em maio de 2017, a 7ª subseção da Ordem dos Advogados do Brasil de Ponte Nova apresentou o projeto “OAB é parceira da cultura”, na qual a instituição se propôs a apoiar os agentes culturais ponte-novenses cedendo periodicamente seu auditório para apresentações e o hall do edifício para exposições.

Apesar das conquistas, atualmente vivenciamos um momento delicado no cenário cultural de Ponte Nova. A atual gestão municipal não tem ouvido aos apelos oriundos de grande parte da classe artística da cidade, e mantém como interino apenas um secretário municipal para as pastas da Educação, Cultura, Turismo e Esporte. Tal perspectiva é preocupante, tendo em vista o já em curso sucateamento da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Ponte Nova. Tal situação vai de encontro ao proposto pelo Plano Nacional de Cultura (do qual Ponte Nova é adepta), que prevê a formação de Secretarias Municipais de Cultura autônomas. O Executivo tem procurado manter alguns dos projetos desenvolvidos nas gestões passadas, tal como o “Chá, Café e Poesia”, mas apenas isso não é o suficiente.

A situação agravou-se após o adiamento do pagamento aos agentes culturais contemplados no Edital de Financiamento à Cultura de 2016 (Lei Municipal nº. 3.832/2014), gerenciado pela própria Secretaria, sem que houvesse quaisquer explicações sensatas para tal. Para se ter uma ideia do desgaste gerado por esta postura do governo municipal, a Cia. Teatro de Bolso, um dos ganhadores do edital, desistiu de esperar pela verba, tendo em vista o atraso no cronograma elaborado para o projeto submetido anteriormente. Até o momento, o impasse não parece estar perto de sua solução. Ou seja: perdem os agentes culturais por não conseguirem desenvolver suas atividades, que dependiam do dinheiro previsto na legislação; perdemos todos os ponte-novenses, que seriam agraciados com diversas intervenções artísticas.

Deste modo, não é exagero afirmar que a cultura ponte-novense tem resistido aos retrocessos colocados em prática pela administração pública. Embora tenham havido avanços nos últimos anos (principalmente desde a criação da Secretaria Municipal de Cultura), agora vivemos um momento de estagnação no que diz respeito às ações do poder público voltadas para o incentivo às atividades culturais no município. Nossos artistas são em grande parte independentes, mas é fundamental a existência de ações governamentais que incentivem os trabalhos artísticos na cidade. O não pagamento da verba do Edital de Financiamento à Cultura (prevista em legislação municipal) é um desrespeito aos agentes culturais de Ponte Nova.

O que resta ao artista ponte-novense nestes tempos obscuros?

Resistir.


bottom of page