top of page

Empresas amigas

da Cultura 

Quem somos
Procurar por Tags
Nenhum tag.

“Anna Florência”: do desenvolvimento ao abandono


Olhar fixo, coração acelerado, silêncio, e uma sensação de impotência e desespero tomam conta do corpo e da alma ao ver espremido, entre novas construções e loteamento, o que restou dos maquinários da primeira usina a produzir açúcar no Estado de Minas Gerais, “Usina Anna Florência”. Resistindo ao crescimento imobiliário que, com pressa, passa por cima da historia e derruba em poucas horas o que foi construído com a luta de um povo empreendedor.

A “Usina Anna Florência” foi fundada por José Vieira Martins, Francisco Vieira Martins, Ângelo Vieira Martins, Manoel Vieira de Souza e Luiz Augusto de Souza e Silva, e sua construção teve inicio em 1883.

Começou a funcionar somente em 1885, ano em que toda sua produção de açúcar foi vendida a Ouro Preto. Um momento marcante da sua inauguração foi retratado no livro “Guardei na Memória” de Maria Sylvia Salles Coelho: “Admirada, a multidão viu o açúcar branco claro como algodão! Pois esse povo só conhecia o açúcar de “fôrma” escuro dos antigos engenhos”.

O nome da Usina foi uma homenagem à matriarca da família Viera Martins, que herdou do seu marido Major Vieira de Souza Rabelo as terras da fazenda de Oratórios de baixo, assim como o papel de educar seus quatro filhos. O maquinário da Usina foi trazido da Inglaterra em navios e transportado em carros de boi até as terras onde seria instalado.

A empresa “Thompson Black e Cia”, da cidade de Campos, foi a responsável por montar as estruturas para fabricação do “ouro branco”, enviando técnicos como Inocêncio Alves Costa, considerado um dos melhores técnicos da época. Foi construída também uma pequena estrada de ferro que servia para levar as canas para moagem e para transportar o açúcar a ser comercializado.

Com o início das atividades do empreendimento ousado para época, foram instaladas empresas para dar manutenção aos maquinários: é o caso da “Fundição Progresso”, fundada em 1885 pelo técnico Inocêncio Alves Costa, mesmo ano do início das atividades da “Usina Anna Florência”. Impulsionado pelo período de crescimento no setor de fabricação do açúcar vieram também as usinas do Pontal, Raza, Santa Helena, Jatiboca, entre outras.

A administração da Usina passou pelas mãos de grandes homens da nossa historia como Dr. Francisco Vieira Martins, Dr. Urban V. Wooldman, Rafael Chrisostemo de Oliveira, Gregório Luciano Tumang, Alcindo Vieira, Nilton Edward Newman, Ary Pinheiro de Oliveira Lima, José Silveira Barboza e Luiz Carlos Soares Martins. Nomes que são lembrados em ruas, avenidas e escolas da cidade de Ponte Nova e região.

Após cem anos, passando por varias crises no setor e resistindo aos vários modelos administrativos, a “Usina Anna Florência” foi desativada nos anos 90, deixando uma historia que precisa ser preservada na memorias de seu povo. Muitas das edificações que existem no bairro encontram-se em estado de abandono, sofrendo a ação do tempo. Exemplo desse abandono é a sede da própria usina que se encontra em um estado lastimável, rodeada por loteamentos e novas construções que não respeitam o limite e a segurança do que ainda resta para nos ajudar a contar essa linda historia de empreendedorismo e a luta de seu povo.

bottom of page