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Especial Ponte Nova 149 anos: a trajetória de Fifina


Fifina. Ilustração de Ceiça Pinheiro.

Josefina, ou Fifina, como era conhecida, foi uma antiga escrava remanescente ainda dos tempos de Anna Florência.

Talvez nunca tenha conhecido sua família, pois jamais comentava sobre ela. Dizia apenas que seu trabalho era no tear, tecendo o algodão para as camisas e batas usadas pelos escravos.

Fifina sofria de reumatismo, andava toda curvada, e dizia que quando chovia ficava com a “cacunda moída”.

Conta-se que era uma doceira de “mão cheia”, fazia doces para o Natal. De figo, de cidra, de laranja e flor de maracujá. A garotada esperava impaciente o “puxa” (doce derivado da cana de açúcar). Os doces eram feitos em tacho de cobre, e para limpa-los era usado sal e limão.

Final de tarde, Fifina sentava-se em um pequeno banco e, com o fuso (vareta comprida, roliça e pontiaguda em que se enrola o fio torcido) na mão, começava a fiar o algodão que ela já havia descaroçado, transformando-se em fio.

No quarto de Fifina havia uma canastra. Ela dizia que nela havia guardado a vela e a “paia benta”, por isso ninguém podia se sentar nela.

À noite ela se sentava na sua cama, fumando cachimbo, com sua voz arrastada, contando histórias para colocar medo nas crianças e nos adultos. Segundo Maria Sylvia Salles Coelho, após ouvir as histórias, ninguém tinha coragem de entrar sozinho nos quartos escuros da fazenda do Pontal.

Fifina cuidou de quatro gerações da família de Anna Florência.


Bibliografia


COELHO, Maria Sylvia Salles. Guardei na memória. Rio de Janeiro, 1984.

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